sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PROJETO PIXINGUINHA, 1979

Zé Ramalho, João do Vale e Telma


O paraibano Zé Ramalho gravou seu primeiro disco em 1974: um LP duplo conceitual e de inspiração lisérgica, ao lado de Lula Cortes. Diante da repercussão zero obtida por esse trabalho, migrou para o Rio de Janeiro, onde passou a integrar a banda do pernambucanoAlceu Valença. Seu desempenho como músico e, principalmente, suas intervenções vocais durante os shows de Alceu foram chamando a atenção do público e da crítica até que em 1978 lançou o LP solo Zé Ramalho, obtendo grande sucesso através das canções Avôhai, Vila do Sossego e Chão de Giz. Em 1979 estava lançando o LP A Peleja do Diabo com o Dono do Céu,conhecendo talvez seu maior sucesso como compositor, com a canção Admirável Gado Novo. 

O nome de João do Vale faz parte da mitologia da MPB dos anos 60. Ao lado de Nara Leão e Zé Kéti, o cantor e compositor maranhense protagonizouo histórico espetáculo musical Opinião, que teve como principal sucesso uma música de sua autoria: a canção Carcará, que numa segunda fase do espetáculo foi a alavanca de Maria Bethânia para a projeção nacional. 

Outro nome do Nordeste a participar do espetáculo era a cantora alagoanaTelma, que, ligada ao samba e à bossa- nova durante a década de 60 (quandogravou um LP em homenagem a Nelson Cavaquinho, em 1964), voltava ao Brasil naquele ano de 1979, após um tempo morando na Europa.

sábado, 22 de novembro de 2014

COMPACTO "NORDESTE JÁ" 1985

Em 1985, por iniciativa do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, foi gravado o compacto simples Nordeste Já, que contou com a participação de mais de 100 músicos, muitos dos quais grandes nomes da nossa música popular, numa ação clara da categoria musical em favor do povo nordestino, castigado pela seca.

Chega de Mágoa (composição coletiva) e Seca DÁgua (Patativa do Assaré) são as faixas que compõem este disco (gravado entre os dias 09 e 16 de maio, no Multi Stúdio, na Barra), cujos participantes cederam ao Sindicato os direitos autorais e conexos da obra.

O disco era dado como brinde a todos aqueles que depositassem dez mil cruzeiros, em qualquer uma das agências da Caixa Econômica Federal na conta corrente 900.000-6 e foi destinado ao Projeto Verde Teto, atendendo a municípios como Janduis (RN), Igarassu e Catende (PE) e Oeiras (PI), onde a verba arrecadada serviu para a construção de centros comunitários, nas áreas doadas pelas prefeituras.

Compacto - destaque para a numeração impressa no rótulo

Foram produzidas 500.000 cópias numeradas, numa demonstração clara de que isto era possível, apesar das alegações das gravadoras. No entanto, somente 17 anos após a realização deste projeto que a numeração dos cds, a nova mídia utilizada para as gravações musicais, se tornou uma realidade no Brasil. 
Assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 19 de dezembro de 2002, o decreto que regulamenta o artigo 113 da lei de direito autoral (9.610/98) foi criado a partir de diversas reuniões de representantes do governo com uma comissão formada pelo Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, os músicos Frejat, Ivan Lins, Lobão e Beth Carvalho, além do advogado consultor da Casa Civil, Dr. Nehemias Gueiros, e o empresário artístico Steve Altit.

Zé Ramalho, Tim Maia e Geraldo Azevedo durante as gravações

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Depois dos 40, Zé Ramalho e Fagner lançam disco juntos

Raimundo Fagner e Zé Ramalho: parceiros de longa data, os músicos lançam trabalho ao vivo, gravado em três noites no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho deste ano. No repertório, grandes sucessos de um de outro, em formato de dueto

"Parceiros desde os anos 1970, só agora - com mais de quatro décadas de carreira - artistas registram parceria"


Dois pilares da música brasileira, cada qual com aproximadamente 40 anos de carreira, não é de hoje que as trajetórias Fagner e Zé Ramalho se cruzam. Quando o paraibano Zé lançou o seu primeiro disco solo, "Zé Ramalho", em 1978, foi Fagner - que já era sucesso e tinha cartaz junto à gravadora CBS - que lhe abriu as portas, lançando o disco pelo selo Epic/CBS, o qual dirigia. Parceiros em gravações esporádicas, amigos, compadres - Fagner é padrinho de filhos de Zé - e vizinhos de apartamento, ao longo dessas quatro décadas, faltava, porém, um disco juntos.
Gravado ao vivo, os dois lançam "Fagner & Zé Ramalho", com duetos dos grandes sucessos de um e de outro. O disco sai em CD e DVD, com registros feitos em três noites no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro, em julho desse ano. "Há quase três anos estávamos tentando arranjar uma data para gravar. Ele viaja muito, eu também, e o projeto foi se delineando até a gente realizar esse ano", situa Raimundo Fagner, lembrando que a ideia partiu de Zé Ramalho, em um dos encontros corriqueiros no prédio em que moram. "A gente é vizinho. Ele falou, tá na hora de fazer. Acho que foi um pouco inspirado no meu disco com Baleiro", sugere, mencionando o álbum "Raimundo Fagner & Zeca Baleiro" (2003), que também rendeu um DVD ao vivo.
O show teve direção musical Robertinho do Recife, músico parceiro antigo de ambos e que fez parte do momento de efervescência nos anos 1970, em que a música que vinha do Nordeste ganhava novos contornos com nomes como ele, Fagner, Zé, e ainda Geraldo Azevedo, Alceu Valença e a cantora Amelinha, que na época foi casada com Zé e explodiu nacionalmente com "Frevo Mulher", música que ele lhe dedicou. "Eu que lancei a Amelinha. Sou padrinho dos filhos deles, sempre tivemos proximidade", reforça Fagner, sobre o convívio de décadas com o "novo" parceiro.
Dueto
A afinidade do repertório dos dois já havia sido posta à prova em gravações e participações pontuais nos discos de um e de outro. O dueto já havia sido experimentado, por exemplo, em 1998, no disco "Amigos e Canções", de Fagner, que divide com Zé "Astro Vagabundo (de Fagner e Fausto Nilo). "Eternas Ondas", composição de Zé Ramalho, virou sucesso na voz de Fagner, que assinou sua primeira gravação. Fagner também já havia gravado "Pelo vinho e pelo pão", de Zé, em 1978.
O repertório do novo disco inclui sucessos dos dois compositores "Asa Partida", "Mucuripe", "Noturno" e "Pedras que cantam", de Fagner; e, do lado de Zé Ramalho, "Chão de Giz", "Garoto de Aluguel" e "Admirável Gado Novo". Com 16 faixas, o disco abre com Fagner e Zé a sós no palco. Além de cantar, durante todo o show, eles aparecem em dueto também de violões.
"O espírito do disco é algo mais intimista", justifica Fagner. A banda de apoio é composta também por músicos que tinham, já, afinidade com os dois intérpretes, e apresentam arranjos sutis, privilegiando voz e violões. Além de Robertinho, participaram músicos como o violonista Manassés, que acompanha Fagner já há muitos anos, o tecladista Marcos Farias, que também é da atual banda do cearense, o percussionista Mingo Araújo, que já acompanhou os dois artistas.
Turnê
Sobre o resultado da parceira, avalia o compositor cearense, ambos ficaram satisfeitos com o resultado. "O Zé tem uma assinatura muito dele. Trabalho muito pessoa, fortemente ligado as raízes nordestina. Tem originalidade, que é o que mais me fascina. Tem um estilo diferente do meu, mas a gente vem em caminhos um pouco paralelos. A química dava a impressão de que poderia funcionar. E a gente acha que conseguiu", avalia.
A circulação do espetáculo ainda não está confirmada, mas Fagner antecipa que esta possibilidade já está sendo ventilada. "Recebemos muitos convites para sairmos para rua. No caso de próximos shows, vamos modificar o formato, agregar outros músicos e até gravar um segundo DVD", revela o músico.
CD/DVD
Fagner & Zé Ramalho ao vivo
Raimundo Fagner e Zé Ramalho
Sony Music2014, 16 faixas
R$ 19,90 / R$ 29,90
Fábio Marques
Repórter