Por Nara Andrade
naraandrade@gmail.com
Rivanildo Alexandrino da Silva: Comecei a admirar o Zé Ramalho em 1989, aos 13 anos. Tocando violão com dois amigos meus, na calçada da minha casa, e um deles tocou várias músicas. Porém uma chamou a minha atenção. Eles começaram a cantar a música "Canção Agalopada". Fiquei impressionado com a letra e perguntei de quem era aquela música e eles me disseram que era de Zé Ramalho. Como eu não sabia quem era Zé Ramalho pedi para eles tocarem outra música dele, e eles tocaram "Mistérios da Meia-Noite", que achei muito boa também. No outro dia comecei a correr atrás de discos do cantor.
OM: Sua família também gosta do cantor e apoia a sua dedicação?
RS: Sim, meus irmãos, irmãs e minha mãe que já faleceu, começaram a gostar do Zé Ramalho devido ao meu grande interesse. Lembro que aos 16 anos fui morar em São Paulo e minha mãe mesmo gostando muito das músicas dele, não queria ficar escutando, pois as músicas do Zé, especialmente "Jardim das Acácias", faziam com que ela lembrasse de mim. Sempre que ela ouvia essa música ela chorava de saudade.
OM: Quando começou a colecionar objetos e discos de Zé Ramalho? Lembra qual foi o primeiro item do acervo?
RS: Depois que ouvi as músicas do Zé que meus amigos cantaram comecei a procurar discos dele para escutar, pois até aquele momento não conhecia nada sobre ele. Após muita procura descobri que um conhecido meu tinha um disco do Zé. Era o primeiro disco, intitulado "Zé Ramalho", lançado em 1978, que tem as músicas "Avohai", "Chão de Giz" e "Vila do Sossego". Quando peguei o disco e vi na capa aquele cara cabeludo, com uma barba enorme, olhar marcante, parecendo um profeta, fiquei ainda mais curioso para escutar suas músicas. Voltei para casa e comecei a escutar o disco. Fiquei impressionado com a introdução de "Avohai", o arranjo, a letra, as palavras estranhas que nunca tinha escutado fizeram com que eu virasse fã do cantor.
OM: Quantas peças você já tem?
RS: Não sei o número exato de peças que tenho no meu acervo, mas tenho tudo o que foi lançado por ele até o momento. E estou tentando conseguir com o próprio Zé alguma peça de roupa que ele tenha usado em capa de disco para eu poder expor aqui.
OM: Você já teve a oportunidade de conhecer Zé Ramalho pessoalmente. Quando e como foi o primeiro encontro? Ele conhece o acervo?
RS: Conheci o Zé em 2002 em São Paulo na ocasião de um show no Sesc Belenzinho, já havia lhe enviado algumas cartas com fotos e tinha um site em sua homenagem na internet. O palco do show era muito baixo e fiquei de frente pra ele, que me reconheceu e falou algo para o segurança que estava em cima do palco, esse segurança me chamou e disse: "sobe aí que o Zé quer falar com você". Eu quase não acreditei. Foi então que aconteceu o grande encontro com meu ídolo, coisa que jamais esquecerei. Ele me abraçou e disse: "Rivanildo, já estou sabendo do seu trabalho e dedicação sobre mim e te agradeço muito por isso cara, vou te mandar um material de presente...", conversamos um pouco e algum tempo depois chegaram as encomendas mandadas pelo Zé pra mim, CDs, pôsteres, camisetas, todos os seus livros e outros objetos, tudo autografado. Isso foi muito importante e me deu mais força ainda para continuar dedicado na preservação da história desse grande mestre da MPB.
OM: Quais os itens do acervo? Tem alguma peça rara?
RS: Discos, pôsteres, CDs, clipes, todos os livros, uma média de novecentas matérias de jornais e revistas organizadas em pastas, umas quatrocentas fotos entre elas raridades de 1975 a 1978, convites originais para shows da década de 1970 quando ele ainda não era conhecido nacionalmente, roteiros de shows, documentos enviados para a censura da época pedindo autorização para fazer shows, tenho umas pastas recheadas de raridades sobre o cantor que ganhei do primeiro empresário de Zé Ramalho, na Paraíba, Onaldo Mendes, um cara muito bacana que me mandou esse material que guardo aqui com muito carinho e zelo. Enfim, uma infinidade de objetos e não tem como descrever todos. Todo o meu acervo é uma enorme raridade pra mim.
OM: Você recebe muitas visitas de pessoas curiosas?
RS: Muitas, principalmente depois da reportagem que uma equipe de TV fez aqui, mostrando meu acervo.
OM: Qual o item mais importante?
RS: Nenhum específico, pois para mim todos são importantes, mas dou um cuidado especial para essas pastas que o Onaldo me enviou e o material que recebi do próprio Zé Ramalho.
OM: Você está sempre indo a shows do cantor mesmo em outras cidades?
RS: Quando morava em São Paulo fui a mais de trinta, infelizmente aqui no RN não temos shows do Zé com frequência, mas sempre que ele está na região compareço ao show. O mais distante foi na cidade de Pombal-PB, a 240km de Frutuoso Gomes, mas no próximo ano pretendo estar nos shows de Campina Grande e João Pessoa.
OM: Você já recebeu alguma proposta de alguém interessado em comprar suas peças ou todo o acervo?
RS: Claro, propostas para que eu venda algum material é o que não falta, tenho raridades em vídeo aqui e se pretendesse ganhar uma grana com a venda de cópias seria fácil, mas não faço isso por alguns motivos, entre eles o fato da pirataria usando o nome do Zé Ramalho. Jamais venderia nem um só objeto do meu acervo, e continuo na batalha para adquirir mais raridades sobre o Zé.
OM: Você já se desfez de alguma coisa?
RS: Não, é por isso que tenho muito material repetido aqui no acervo, quando encontro algum objeto raro sobre o Zé, mesmo que eu já possua um igual, acabo comprando novamente.
OM: Tem ideia de quanto gastou até hoje?
RS: Não tenho ideia de quanto gastei, mas sei que foi uma boa grana. Isso não importa, pois faço com muito prazer.
OM: Você tem a discografia completa?
RS: Sim, menos o disco Paêbirú, na edição original de 1975, que o Zé gravou em parceria com o cantor pernambucano Lula Cortês pela gravadora Rozemblit. Devido a uma grande cheia no rio que passava próximo à gravadora, houve uma grande inundação no depósito fazendo com que quase todos os discos se perdessem, sobrando umas trezentas cópias que hoje são vendidas até por R$ 10 mil cada. Tenho aqui uma cópia em CD que foi relançada na Alemanha.
OM: Na porta da sua casa você colocou uma placa com o nome Vila do Sossego. É mais uma homenagem ao cantor?
RS: Com certeza, acho que tudo o que faço tem um pouco de inspiração na obra de Zé Ramalho. Quando ele morava na Paraíba tinha uma casa onde reunia bastante amigos, músicos, cantores e outros para tocarem violão e trocarem ideias sobre a onda cultural daquele momento. E foi ali que o Zé colocou uma placa na frente dessa casa com o nome "Vila do Sossego", nome esse que virou música e fez muito sucesso quando lançada em 1978. Foi por isso que coloquei minha plaquinha aqui também.
OM: Dá muito trabalho manter todas essas peças conservadas?
RS: Um pouco, mas faço de tudo para mantê-las em ótimo estado de conservação.
OM: Atualmente as peças estão guardadas em um cômodo da sua casa. Você pretende abrir um museu futuramente em um prédio próprio?
RS: Não digo museu, mas sim, pretendo acomodá-las num lugar maior. Estou batalhando para isso.
OM: Você criou um site em 2002 sobre o cantor, qual o conteúdo? Muitas pessoas visitam a página e deixam comentários?
RS: Inicialmente chamava-se "Fã Clube Kryptônia", e divulgava uma grande parte do meu acervo nesse site. Em 2005 resolvi mudar o nome para "Zé Ramalho da Paraíba", não tenho mais o site, mas mantenho um blog (www.zeramalhodaparaiba.blogspot.com) sobre meu acervo. O blog é muito visitado e as pessoas sempre deixam seus recados parabenizando-me pela dedicação em preservar a história do grande Zé Ramalho.
OM: Qual a música do Zé Ramalho é a sua preferida?
RS: Não tenho preferência por uma específica, mas "Jardim das Acácias" é uma das que gosto mais.
OM: O que você gosta mais no cantor?
RS: A simplicidade de como ele recebe a pessoa no camarim, ele é um cara muito simples, fala com a gente como se já conhecesse há anos. Isso é uma característica cativante do cantor.
Para ir ao site do Jornal Clique aqui:
melhor cantor do planeta parabens ao nildo pelo seu trabalho e dedicaçao fiquem na paz
ResponderExcluirgostei muito de ter encontrado esse blog, pois vou defender o simbolismo nas cançoes de ze ramalho. vc esta de parabens nessa iniciativa de nos mostrar sobre esse cantor/ compositor e autor tão maravilhoso.
ResponderExcluirGrande Rivanildo, parabens por sua dedicação!!
ResponderExcluirrivanildo,parabens tambem gosto do zé ramalho
ExcluirRivanildo,
ResponderExcluirFiquei encantado com seu acervo, sua dedidação e muito mais pelo seu respeito pela obra do amigo Zé Ramalho!
Mantenha essa dedicação a obra do Zé. Ela é seu tesouro!
Parabéns e um forte abraço
Onaldo Mendes