domingo, 23 de outubro de 2011

Bandas Paraibanas do Passado: "Os Jets" e "Os Demônios"

Tudo começou por volta do ano de 1965, no Colégio Diocesano Pio X, na praça da Independência, em João Pessoa, Paraíba. Recém chegado do Colégio Pio XII, com o propósito de cursar a 3ª Série Ginasial, Roberto Lyra de Brito, logo fez amizades com vários outros alunos, inclusive a garotada da 4ª Série, dentre eles José Ramalho Neto, Alexandre Carneiro e Antonio Vitoriano Freire Filho.

Zé Ramalho e Alexandre Carneiro já participavam ativamente do Grêmio Estudantil do Colégio, tocando violão. O Irmão Eduardo, na época o responsável pelo Grêmio, promovia com muita dedicação e criatividade, a parte cultural das datas comemorativas e sempre que organizava as programações festivas, tencionava musicá-las, principalmente quando já se percebia pela cidade, uma febre de formação de conjuntos musicais unindo vários jovens de nossa melhor sociedade.

Nascia assim o conjunto musical “The Jets”, composto por Zé Ramalho (no violão solo), Alexandre Carneiro (violão rítmico) e, posteriormente convidados Roberto Lyra de Brito (no baixo e às vezes, gaita) e Antonio Vitoriano Freire Filho (na bateria). O conjunto se apresentava nas festinhas do colégio e fazia um enorme sucesso. O Brasil vivia o auge da Jovem Guarda e as músicas interpretadas pelos “The Jets”, misto de canções dos Beatles, dos Rolling Stones, de Renato e seus Blue Caps, dos Incríveis, de Deny e Dino, dos Vips e outros, fervilhavam nas mentes da garotada pessoense.


Os “JETS” em sua formação inicial, da esquerda para a direita: Antonio Vitoriano Freire Filho (na bateria), Alexandre Carneiro, José Ramalho Neto e Roberto Lyra de Brito (violões)

Os temperamentos fortes de Zé Ramalho e Alexandre Carneiro sempre viviam em confronto, até que um dia Alexandre deixou de vez o grupo, na véspera de uma apresentação. Os outros componentes correram atrás do prejuízo. Era difícil encontrar um substituto para o Alexandre Carneiro. Finalmente, descobriram um tal de “Mindoim”, que tocava muito bem violão e foram procurá-lo. Na verdade, o nome do cara era Jackson Guedes de Lima, tocava seresta e tinha pouca experiência com a música da jovem guarda. Mas, era um sujeito legal, se dispunha a aprender e então foi aceito no conjunto.

O conjunto então passou por uma série de reformulações, como por exemplo, a troca de violões por guitarras de fato. A de Zé Ramalho, o avô dele, Avohai, a deu; o baixo do Roberto Lyra, o triangular que foi do Floriano, de Os Quatro Loucos, sua mãe o presenteou; a de Jackson, como não havia condições boas de bancá-la, foi paga em suaves prestações aos membros de Os Quatro Loucos, por uma guitarra semi-nova, com os cachês que o conjunto ganhava; e a bateria do Toinho Freire, que antes era uma bateria secular do Colégio Pio X, seu pai comprou uma nova.


Os “JETS” em uma apresentação no Instituto de Educação da Paraíba (Escola de Formação de Professores), na Av. Camilo de Holanda, em 1966. Da esquerda para a direita: Zé Ramalho, Roberto Lyra (e seu baixo triangular) e Jackson Guedes

Mesmo apesar de ter uma instrumentação semi-nova, havia um problema: só havia um amplificador para as três guitarras. O som saía meio misturado. Os componentes do “The Jets” tocavam assim mesmo, até que um dia, foram comprados novos instrumentos: um baixo Giannini e um Tunder Sound – moderno amplificador para contra-baixo. Autores da compra: o pai do Roberto Lyra e o avô do Zé Ramalho.

O conjunto ficou muito melhor. Faltava um novo nome. Nascia assim “Os Demônios”. O novo conjunto tinha agenda cheia nos fins de semana, tocando nos principais pontos de encontros da juventude: Clube Cabo Branco, Clube Astréa, Clube da AABB, Clube dos Oficiais, “assustados” e nas mais variadas festas. Eram polivalentes no repertório, mas as músicas soladas eram as mais preferidas, como as gravadas pelos The Ventures, The Jet Blacks, The Jordans e outros conjuntos nacionais e internacionais. Zé Ramalho, tido como um ótimo solista demonstrava na guitarra, uma gama de efeitos regulares que já delineava seu estilo próprio.


“Os Demônios”, em um ensaio no terraço da residência do Dr. Antonio Vitoriano Freire, sito à Avenida dos Tabajaras. Da esquerda para a direita: Antonio Freire Filho, Jackson Guedes, Roberto Lyra e Zé Ramalho

Por causa de divergências internas, Roberto Lyra saiu do conjunto no final de 1967. Mesmo assim, continuou amigo de todos os demais membros de “Os Demônios”.

Ainda em 1967, entra para o conjunto, Marcos Ferreira, grande baixista que tinha saído de Os Gatos Pretos, conjunto musical nascido no bairro da Torre. O guitarrista Jackson Guedes também foi substituído; em seu lugar, entrou Cecílio.

“Os Demônios” inicia uma nova fase musical, participando ativamente do movimento da Jovem Guarda. Fizeram parte da delegação que se apresentou no Clube Internacional de Recife, levado pelo Presidente do Clube Cabo Branco, Fernando Milanez, nas festas de INTER-CLUBES; matinais do Cabo Branco; matinês do Clube Astréia; tardes domingueiras no SESC; Internacional de Cruz das Armas; Clube Santa Cruz, de Santa Rita; Clube Recreativo Guarabirense; Clube dos Oficiais do Grupamento de Engenharia e vários outros.

Posteriormente, o guitarrista Zé Ramalho abandonou o conjunto “Os Demônios” e foi integrar Os Quatro Loucos. Seu substituto foi o guitarrista Jovanni.


“Os Demônios” exibindo com orgulho seus novos instrumentais. Da esquerda para a direita: Roberto Lyra, Zé Ramalho, Antonio Freire Filho e Jackson Guedes.

Fotos:
Gentilmente cedidas do acervo familiar dos próprios componentes

Fonte: Blog do amigo Pedro Marinho

5 comentários:

  1. Lembrando que zé Ramalho também participou das bandas Os 4 Loucos e The Gentlemen com Guitarrista solo.Falta as fotos aí certo ?

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  2. Amigo já foi postado matéria sobre a passagem do grande Zé Ramalho por essa Bandas.

    No mais um abraço e obrigado pela visita.

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  3. valeu um abraço e fui o primeiro cantor do Diplomatas em 1968, parabéns pelo BLOG

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  4. Conheci Zé Ramalho no inicio dos anos 70 quando selávamos amizade com Luciano Coutinho dos diplomatas em joão pesssoa . Retornei a morar em joão pessoa em 76 com alguns amigos entre eles wiron, Ernani,Chico Edson ocasião em que a vida nos deu o prazer de realizar grandes amizades que as conservo ate o dia de hoje mas foi nesta época que mais convivemos e desfrutamos a voz e viola de 10 cordas do Zé Ramalho sempre carismático , implacável e inoxidável o que nos impressiona ate os dias de hoje e fico feliz por passar esta mesma imagem com sua fortaleza peculiar para gerações posteriores o tempo a vida nos aproximou em alguns momentos tudo foi muito bom Zé, Maria, joão, amelia rio de janeiro e tantas outras coisas passagem por fortaleza,etc sempre fui muito bem recebido obrigado Zé te desejamos que continue com grande sucessos

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    1. Gaubi Vaz,
      Boa tarde!

      Se possivel deixe o seu email aqui, quero entrar em contato!

      Abraço,
      Rivanildo

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