O público carioca estava com saudade de Zé Ramalho… Sem fazer show na
cidade onde mora desde antes de ser submetido a uma cirurgia no
coração, o músico paraibano lotou o Vivo Rio, que tem capacidade para 5
mil pessoas, e ainda ganhou um coral afinado com suas músicas e com seu
tom. No show “Sinais dos Cantos”, no sábado (03/08), Zé atacou com seus
clássicos e agradeceu pelo carinho dos fãs, dos familiares (estavam lá
os filhos João, Maria M., José e Linda) e dos médicos responsáveis por
sua revascularização miocárdica, que foram à casa de shows prestigiá-lo.
“Quatro dos meus seis filhos estão aqui e os médicos que me deixaram pronto para voltar ao palco, também”, avisou o cantor.
Zé apresentou o mesmo show a que assisti em Curitiba.
E, mais uma vez, senti falta das músicas de seu ótimo disco, “Sinais
dos Tempos”, lançado em 2012. Não que eu não seja apaixonada pelos
clássicos que ele entoou (“Vila do Sossego”, “Chão de Giz”, “Garoto de
Aluguel” e “Admirável Gado Novo” foram só alguns deles). Sou, sim. Tanto
que, já em “Avôhai”, não consegui segurar o choro. Mas também sou
grande admiradora do Zé Ramalho renovado, das canções mais recentes, que
revisitam sua obra de outras formas. Leia esse post antigo para entender do que falo.
Sobre o choro, bom, tenho mil motivos para me emocionar com essa e
tantas outras canções de Zé Ramalho. Um deles é o fato de estar
trabalhando em uma biografia do artista que ainda não conquistou uma editora.
Há também alguns motivos para isso. Compreendo quando um editor me diz
que o jurídico da editora não aconselha apostar em um livro deste gênero
desde que Roberto Carlos conseguiu através da Justiça recolher das
livrarias a biografia de Paulo César de Araújo, “Roberto Carlos em
Detalhes”. Mas não respeito o editor de não-ficção – como eles chamam os
que avaliam projetos de biografia e que não deveria ser um profissional
ignorante a ponto de não conseguir fazer uma pesquisa sobre o tema
proposto por quem lhe apresenta o projeto – que chega ao ponto de dizer:
“Zé Ramalho vai vender dois livros!” E olha que um desses me falou exatamente isso muito antes de Roberto Carlos fazer essa lambança que fez com nós, profissionais do texto.
Chorei de raiva desse e de outros que me falaram outras abobrinhas,
quando Zé começou a tocar seu maior clássico, dedicado ao avô que o
criou, José Alves Ramalho, de quem vi uma foto
ao visitar a casa de Zélia Pordeus Ramalho, tia de Zé, em João Pessoa,
na Paraíba. Chorei mais ainda quando, ao começar “Vila do Sossego”, o
músico paraibano ganhou apoio vocal de uma plateia lotada. Fiquei
imaginando… Se tinham ali 5 mil pessoas e pelo menos 1% desse público
comprasse o livro com a história do ídolo, eu já teria 50 leitores. E,
se 1% daquela plateia de 3.400 do Master Hall, em Curitiba, com a qual
me envolvi em junho, fizesse a mesma coisa, eu teria mais 34
compradores. Com 1% dos fãs que cantavam junto com Zé no Marco Zero, no
Carnaval de Recife de 2010, no qual eu estava presente, acho que pelo
menos 500 livros seriam vendidos.
É claro que sei que a conta não é essa. Estou só conjecturando uma
hipótese, numa tentativa de me livrar desse sentimento de tristeza em
relação a essa situação, contra a qual sigo lutando do meu jeito:
colocando-me à disposição para conversas com políticos, artistas,
editores e jornalistas; investindo sozinha na pesquisa sobre a vida e a
obra de Zé; e estudando o assunto no mestrado, coisa que tem me feito
correr mais e mais com o processo de produção do livro. Ou seja, com ou
sem apoio, espero tê-lo escrito até o fim do meu curso.
Bom, mas, pelo que me lembro, esse post era sobre o show do Vivo Rio.
Acho que muito já foi dito no post sobre o show de Curitiba, e o
diferencial também foi exposto no início desse texto Agradeço aos que
chegaram até aqui e a Zé por mais essa injeção de inspiração. Como
moradora do Rio, devo admitir: Sim, eu também estava com saudade de
vê-lo tocar na cidade em que moro.
Publicado no blog Garota FM da minha amiga Christina Fuscado
Fotos de Marco Amarelo, exceto a da plateia, que foi enviada por Ricardo Nunes.
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