sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FORÇA NORDESTINA: ZÉ RAMALHO COMPLETA 35 ANOS DE CARREIRA.

Cantor conta suas histórias a O FLUMINENSE e promete lançar um disco de inéditas. Seu trabalho mais recente é "Zé Ramalho canta Beatles" lançado em agosto desse ano.

Ele tem um gosto musical bastante eclético, mas refinado. Já homenageou os Beatles, Bob Dylan, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga. Todas essas influências resultaram na música de caráter nordestino do paraibano Zé Ramalho. Filho de Estelita Torres Ramalho, uma professora do ensino fundamental, e Antônio de Pádua Pordeus Ramalho, um seresteiro, sua família esperava que ele se formasse em Medicina, mas sua veia artística falou mais alto, tanto que, no próximo ano, ele completa 35 anos de carreira e promete lançar um disco de inéditas.

Ainda na Paraíba, Zé Ramalho conheceu Alceu Valença e Geraldo Azevedo, com quem começou a fazer música. Mudou-se para o Rio de Janeiro em meados dos anos 70, onde Vanusa gravou sua primeira composição de sucesso, Avorai. Seu primeiro disco solo e homônimo foi lançado em 1978, e, partir daí, passou a usar mais da fusão entre a música nordestina, o rock e o pop, sendo também reconhecido como poeta e letrista. Não parou mais. De 1981 a 87 lançou um álbum por ano, incluindo os sucessos A Terceira Lâmina, Força Verde, Dança das Luzes, Desejo de Mouro e Mary Mar.

Na segunda metade da década de 90, além dos CDs inéditos Frevoador e Cidades e Lendas, lançou Antologia Acústica, em 1997, e dois volumes de O Grande Encontro, ao lado de Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Lança, em 2000, o disco Nação Nordestina, uma homenagem às personalidades nordestinas brasileiras. O álbum recebeu, no ano seguinte, uma indicação ao Grammy Latino como melhor disco de música regional. Em 2001, o artista lança o CD Zé Ramalho canta Raul Seixas, projeto que vinha amadurecendo há tempos.

Em 2002, a Som Livre lança um disco de grandes sucessos chamado Perfil, parte da série Perfil. Nesse mesmo ano, veio o décimo sétimo álbum, O Gosto da Criação. Em 2003, Estação Brasil, um álbum com várias regravações de canções brasileiras.

Em 2005, gravou Zé Ramalho ao vivo. Seu mais recente álbum de inéditas, Parceria dos Viajantes, foi lançado em 2007 e indicado para o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. Em 2008, um disco de raridades chamado Zé Ramalho da Paraíba foi lançado pelo selo Discobertas. Em seguida, veio Zé Ramalho canta Bob Dylan - Tá tudo mudando, uma homenagem ao cantor americano.

Em 2009, faz outro tributo em Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga. Em 2010, continuou homenageando suas influências com o álbum Zé Ramalho canta Jackson do Pandeiro. Seu trabalho mais recente é Zé Ramalho canta Beatles, lançado em agosto de 2011. A seguir, o cantor fala um pouco mais sobre sua trajetória e seus próximos projetos.

Como é se apresentar no Rio de Janeiro? O público é diferente ou isso não existe? Faz algum ritual antes de subir ao palco?
Se apresentar no Rio de Janeiro não é como se apresentar em qualquer palco do Brasil, em termos de casas de shows. Apesar de eu morar há 30 anos no Rio de Janeiro, me sinto motivado diferentemente de outros palcos, para me apresentar nesta cidade. Quanto ao ritual, nada mais do que silêncio, concentração e só.

Recentemente você lançou “Zé Ramalho canta Beatles”, o que esse quarteto representa para você?
Inspiração, que também inspirou milhares de outros artistas em todo mundo. No meu caso, consegui externar todo o meu conhecimento da obra desse grande grupo.

O CD/DVD “Zé Ramalho canta Bob Dylan”, recebeu indicação ao Grammy Latino, na categoria melhor disco de rock. Como foi receber essa notícia e o que Bob Dylan representa na sua vida?
É sempre uma surpresa agradável ver um trabalho que eu realizei se destacar internacionalmente de outros tantos. Dylan tem a mesma importância que os Beatles no meu aprendizado musical, ao lado de Gonzagão e Jackson do Pandeiro.

Você também homenageou Jackson do Pandeiro, Raul Seixas e Luiz Gonzaga. Pensa em fazer mais algum tributo? De onde veio a ideia de homenagear esses músicos?
Eu não faço covers. Cover é fácil fazer. Eu recrio a obra desses artistas, do meu jeito, sob meu ângulo e da minha capacidade musical. A ideia dessas homenagens é mostrar esses grandes artistas, que me influenciaram tanto na minha formação musical. Poderão vir outros discos dessa série “Zé Ramalho canta”. No momento estou preparando um disco de músicas inéditas, para lançar em 2012.

Além de artistas que você gosta e já homenageou, seu trabalho também tem elementos da mitologia grega. Tem alguma história mitológica que mais gosta? De onde vem seu fascínio por essas histórias?
Desde garoto que me atraio pela mitologia grega, através de filmes, livros e revistas. Ao lado de outras leituras, a mitologia grega é cheia de surrealismo e absurdas situações, na relação entre deuses e mortais. Misturei tudo isso com Bíblia, psicanálise e psicodelismo. Ao mesmo tempo, juntei o universo absurdo de Zé Limeira e é daí que vem a minha formação poético-musical. Não tenho história predileta, porque na mitologia, qualquer história é pitoresca.

Tem algum momento de sua trajetória que mais te marcou? E tem algum outro momento que gostaria de esquecer?
São 35 anos de carreira que vou fazer em 2012, partindo do meu primeiro disco solo, lançado em 1977. Tudo que aconteceu valeu a pena, como diria o poeta lusitano Fernando Pessoa, “desde que a alma não seja pequena”.

De onde surgem suas inspirações e como é seu processo de composição musical?

A inspiração vem de qualquer experiência diária ou que chegue no meu pensamento e, com o passar dos anos, a prática fica sob meu controle. Até virar música, letra e poesia, é uma questão de tempo e qualquer motivo pode ser uma inspiração.

Tem algum sonho profissional e pessoal para realizar?

Acho que não. Tudo que eu realizei foi com muito trabalho, perseverança e nunca desisti. Se vier alguma surpresa no futuro, não será porque sonhei.

Fonte: http://jornal.ofluminense.com.br

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