domingo, 13 de novembro de 2011

Zé Ramalho traz chuva e forró ao SWU

"Veterano cantor paraibano faz plateia dançar ao som de velhos e misteriosos hits e de canções de Raulzito e Geraldo Vandré"

Por Jotabê Medeiros - O Estado de S. Paulo

PAULÍNIA - Foram-se as carinhas bonitas, os shortinhos e os topzinhos lycra-limão (como cantaria o Lucas Santtana), e sobrevieram os malucos-beleza, os fãs de Allman Brothers e Led Zeppelin, os coroas de rabo-de-cavalo e as loiras de novela do Dias Gomes. Saíram os gritos de guerra do tipo "make some noise" e "sai do chão" e entraram coisas indecifráveis como "é um terço de brilhante nos dedos de minha vó".

Era o sertão do Cariri que entrava em cena. Tocando músicas de dois mitos da MPB e do rock nacional, Geraldo Vandré (Pra não dizer que não falei das Flores) e Raul Seixas, e um pot-pourri de seus hits com mais de 30 anos nas costas, como Avôhai, Admirável Gado Novo, Taxi Lunar (dele e de Geraldo Azevedo) e Frevo Mulher, o veterano cantor paraibano Zé Ramalho trouxe a chuva e a alegria para o SWU.

O público começou se aproximando timidamente - afinal, eram três horas da tarde e o sol estava a pino, fritando ovo no capô de carro. Mas Zé Ramalho, todo de preto, foi vencendo a resistência progressivamente. "Agora vou cantar duas músicas de um colega de profecias", ele anunciou, e sobreveio Raul Seixas - Trem das Sete e Medo da Chuva.

Enquanto o público berrava o verso de Raulzito ("Eu perdi o meu medo meu medo meu medo da chuva"), a chuva principiava a cair sobre o SWU, e resfriava um pouco a sauna que o público já se acostumava a freqüentar no festival.

Zé Ramalho funde o pop tecladístico dos anos 1980 com o clássico trio de forró (zabumba, sanfona e triângulo), com um mergulho profundo na psique do pregador de feira nordestino. Sua inserção na música brasileira é estranha, é como se ele fosse um Dylan que não se alinha entre os diversos grupos (não é unânime na MPB universitária nem na MPB jazzística ou bossa-novística de lounge). Ainda assim, prossegue fazendo novos fãs e mantendo os velhos - muita gente imberbe na platéia berrava alucinadamente suas canções estranhas.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR


Nenhum comentário:

Postar um comentário