Começou na hora certa. A pontualidade de Zé Ramalho surpreendeu muita
gente que esperava ansiosa na fila de entrada da arena de shows,
enquanto ouvia as primeiras músicas do executadas pelo artista e banda.
Embora fosse uma segunda-feira, um público considerável foi ao parque
de exposições de Pato Branco prestigiar o trabalho do “Bob Dylan
brasileiro”, que tem como bagagem mais de 50 anos de carreira.
Com clássicos como “Avôhai”, “Sinônimos”, “Admirável Gado Novo” e
“Garoto de Aluguel", o cantor deu sequência ao show recheado de
sucessos. Ele não cantou músicas pouco conhecidas, tão pouco as de seus
novos trabalhos, como “Parceria dos viajantes”, mas tocou um pouco de
Raul, ao qual ele dedicou um álbum todinho: “Zé Ramalho canta Raul
Seixas”. Zé Ramalho subiu ao palco, fez o show de aproximadamente uma
hora, tocou mais duas músicas no “bis” e agradeceu a energia positiva da
plateia. Alguns cantavam, outros conversavam, outros apenas observavam
atenciosamente.
Devido ao próprio caráter das letras das canções de Zé Ramalho, a
reflexão era explicita na feição de algumas pessoas. Eu refleti. A clara
crítica à relação entre a vida e o capital e a ênfase do amor como
sofrimento e irracionalidade, quase que “lupiciniano”, era clara na
maioria das músicas.
Zé Ramalho não trouxe um show para se agitar, tão pouco se assemelha a
uma festa. Mas é um prato cheio aos fãs da boa música. Prova clara é o
fato de elas terem sobrevivido tantas décadas e fazerem sucesso em meio a
tantas gerações que se misturaram no show da segunda-feira. Zé Ramalho é
um tipo de artista que não precisa oferecer um novo show a cada ano,
direito concedido a todos os grandes nomes da música popular brasileira.
Por Bruno Bandeira da Luz
DIÁRIO DO SODOESTE 14/11/2012
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