Zé Ramalho subiu ao palco às 22h30min do
sábado, 17. Vestia preto – com uma túnica bordada com desenhos sugeridos
por ele. Empunhou um violão negro, e declarou: “Por ser de lá do
sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato, da caatinga, do roçado,
eu quase não saio, eu quase não tenho amigo, eu quase que não consigo
viver na cidade sem ficar contrariado”.
Assim, de um jeito que emocionou fãs de
todas as idades, o músico paraibano José Ramalho Neto (63), ou Zé
Ramalho, cumprimentou o público que estava no pavilhão de shows do
Parque do Imigrante. Era o início da última atração musical da XVIII
Feira Industrial, Comercial e de Serviços do Vale do Taquari (Expovale
2012).
O artista tocou duas músicas antes de dar
boa noite ao público. E desfilou, em pouco mais de uma hora, grandes
sucessos de seus mais de 40 anos de carreira. “Tocarei de tudo, de Bob
Dylan a Raul Seixas, e todos os meus grandes sucessos”, avisava, no
camarim.
Em turnê pela região Sul do país – passou
pelo Paraná, Santa Catarina e Erechim, no Rio Grande do Sul -, Zé
Ramalho esteve pela primeira vez em Lajeado. Chegou pela manhã e se
declarou encantado pelo carinho recebido e pela cidade. “Vou retribuir
com um grande show.” E retribuiu.
Foi um espetáculo para gente daqui e para
quem veio de fora do Vale do Taquari somente para vê-lo. Antigos fãs
que nunca tiveram oportunidade de estar em frente ao palco do ídolo –
entre eles Osvino Lima Rodrigues (50), que chegou de São Leopoldo para
ver o primeiro show ao vivo do músico. Acompanhado da esposa, do filho e
da nora, Rodrigues era o primeiro na fila para ingressar no pavilhão.
“Gosto demais dele. Tenho muitos discos, DVD´s. Gosto tanto que a música
que tocou na minha formatura, em 2008, foi ‘O vento vai responder’”. O
advogado ficou sabendo do show por uma rádio de Porto Alegre. Buscou
informações e na tarde deste sábado embarcou a família no carro e se
tocou para Lajeado. “Chegamos às 16h30min, passeamos na feira e agora
estamos esperando”, contou, duas horas antes da apresentação.
Atrás dos Rodrigues, ocupando o segundo
lugar na fila, esperava a abertura do portão, ansiosa, uma família de
Pelotas. O músico Eduardo Simões (33), “viciado no Zé”, trouxe a esposa e
a mãe, de 62 anos, a tiracolo. Fizeram a viagem durante a tarde e, ao
término do show, regressariam à Zona Sul do Estado. Eduardo veio para
ver pela terceira vez o ídolo. “Tenho tudo o que o cara já gravou, todos
os discos em vinil, DVDs, CDs. Tenho 27 discos, entre eles o mais raro,
gravado em 1975 e que vale uns R$ 5 mil.” Simões falava de Paêbiru,
considerado cult e com diversas influências de Pink Floyd e música
sertaneja.
Jornal Folha do Mate 20/11/2012
Foto: Roberta Colombo
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